As noites ...

É todos os dias a mesma coisa. Custa-me sempre sair de casa, deixá-los. Sei que ficam com o pai, mas a questão é que não ficam comigo...

Vou a remoer a culpa até à universidade, por ter saído tão depressa, assim como se faz quando se tira um penso‑rápido.

Depois contra-argumento que este sacrifício todo é para nosso bem, é um investimento para todos, mas, a verdade é que dói não estar lá, não assistir ao jantar, às brincadeiras, às birras e às desculpas para não ir dormir, as maluqueiras que eles inventam.

Depois vem o “afinal só faltam 3 anos…” 3 anos. Depois faço as malvadas contas – o Tomás há-de ter 9 anos e a Rita 7. São três anos de noites ausentes. Bem, quase, que às sextas não temos aulas. Por enquanto…

Depois lembro-me da minha querida Inês, que ficou tão orgulhosa de eu recomeçar (ela detestava a ideia de eu poder estar a faltar às aulas quando dava as escapadelas ao IPO à noite, para estar com ela 5 ou 10 minutinhos…ralhava comigo).

É também para ela e em memória dela que o faço.

Depois lá entro naquela universidade e “tranco” o coração, e lá vou eu para os códigos e tratados, artigos e leis… e, confesso, gosto daquilo. É aquele o meu caminho.

No recomeço das aulas após a época dos exames, o Tomás disse-me que não queria que eu fosse porque não tinha saudades da minha escola.

Quando viu que isso era inevitável disse-me “eu não queria que tu isses antes de eu dar um abraço! Vou ter saudades tuas…”

Ontem, novamente à pressa, saí, depois dos abraçinhos aos baixinhos, mas não sem antes ter sido presenteada com isto:

Tomás: Mãe, quero dar um beijinho na tua testa!
Eu: Que bom! Então dá lá, docinho…
Deu-me uma beijoca muito boa na testa, tapou a testa com a franja, com muita meiguice, e disse:
Tomás: Fica assim tapadinho com a tua franja, para não sair daqui e se caíres e bateres com a cabeça, já não dói!

Acho que lhe vou pedir mais destes beijinhos profiláticos para o coração!

À chegada, também tenho prenda. A Rita tem uma forma diferente de manifestar a sua sensibilidade– sendo menos “lamechas”, com as despedidas mais rápidas, que passam por beijinhos e abraçinhos tão bons, nunca vem à porta, diz-me sempre “xauuuuuu”, assim, muito despachadamente.
Mas não há noite nenhuma em que eu chegue e não oiça a sua vozinha de menininha, timbre fininho, a chamar-me “Mãããeeeeee, óuá!” (a Rita não pronuncia os “L’s”), sempre despenteada, com os olhinhos a luzir:

E então, é mais ou menos pelas onze que me deito aó pé dela e sei como é que foi a noite , se brincou muito, como foi a escola, se gostou da escola, o que houve de especial nesse dia... Ontem foi assim:

Rita: Mããããeeeee, óuá!
Eu: olá, princesa, estás bem?
Rita: Xtou bem, mãe! Óia, a pxeja Auise (discurso impronunciável) do mau, mas cajou com pinxepere! E Ita (mais discurso impronunciável) bincou ua e pai (mais discurso impronunciável) xtóia do canado e uogo mau (mais discurso impronunciável) vójinha!
Eu: e gostaste da história do capuchinho vermelho?
Rita. Xim!
Eu: agora fazemos ó-ó, sim? Gosto de ti, princesa!
Rita: Xempere!
Eu: Sim querida, para sempre!

(isto em português quer dizer que ela esteve a ver o filme da princesa anneliese (pxeja Auise), que conseguiu vencer o mau e casou com o príncipe; depois brincou no jardim da escola (ua) e o pai contou a história do capuchinho vermelho (canado) e do lobo mau (uogo mau) que comeu a avozinha (vójinha).

E não se deita sem ficarmos quase 10 minutos agarradas uma à outra, num abraço muito apertado, e a Rita a repetir “Xempere” e a dar beijinhos. E eu a ela.

Felizmente, o sacrifício não tem sido em vão e lá veio mais nota positiva e uma frequência passada… Valha-nos isso.

Comentários

Ana Rodrigues disse…
:-)
eles são mesmo queridos...
:-)

beijinho para os dois
Susana disse…
olá Maria João! Então, temos outra coisa em comum: o direito! Eu tenho o 4º ano do curso de Direito da Universidade de Coimbra. Um dias destes acabo...afinal falta-me 1 ano!! Beijos
Tão só, um Pai disse…
Ricos filhotes. Que alento!
Maria João disse…
Susana, pois eu cá vou no meu modesto 2.º anito, que deixei incompleto na faculdade de direito de lisboa e que, pelo facto de o Tomás ter sido prematuro, por um lado, e por parvoice - que tinha mas era pago as propinas e continuava por lá, agora continuo na Internacional.

Beijitos!
Carla O. disse…
Tu mereces é um PARABÉNS enorme, por ainda assim continuares, mesmo com sacríficio, a perseguir o teu sonho e a tua formação.
E com isso és um exemplo para os teus baixinhos! (e não só).
Parabéns também pelos teus filhinhos lindos!
Muitos beijinhos,
Carla e piscos
Anónimo disse…
oia tya sabes axo k mesmo k tu andes d 1 lado po outro vais sempre ser:
1tya ,
1mae ,
1irmã ,
1mulher

bueda curtida
OLé
Anónimo disse…
jinhos********
Anónimo disse…
oia tya sabes axo k mesmo k tu andes d 1 lado po outro vais sempre ser:
1tya ,
1mae ,
1irmã ,
1mulher

bueda curtida


jinhos*******
Maria João disse…
Joany,

isso faz-se, fazer a tya (que raio de espanholada é esta???9 ficar fungosa?? Assim em público??

Vê lá se queres que eu diga mais umas lamenchices de ti? ;o)

beijokas!!

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