Hoje perguntaram-me há quanto tempo me tinha separado e foi difícil responder. Tive de fazer umas contas de cabeça e, por fim, lá respondi.

O tempo é, de facto, implacável. Imperceptível nas pequenas mudanças e vivências do dia-a-dia, manifesta-se, porém, brutalmente, quando estas perguntas surgem.
Mas também me apercebo das suas passadas quando olho os meus filhos, à noite enquanto dormem.

Na penumbra, ainda me parecem os bebés de há 5/6 anos atrás, mas quando me aproximo e vejo neles duas crianças que são, as pastas da escola encostadas à parede do canto do quarto, quando reparo nas suas roupas e objectos pessoais e me recordo das conversas que agora temos, aí sim, dou por ele a passar, todo de uma vez só.

Hoje vinha no carro de manhã, mergulhada nos constrangimentos do trânsito quando dei comigo a prestar atenção à Rita, que vinha a ler as tabuletas nas ruas e as letras escritas nos toldos dos cafés. Já lê bem. Incrível, ouvi-la a ler, com a sua voz tão fina, tão de bebé. Ainda mais sem os dentinhos à frente. E a ser corrigida pelo irmão, sempre atento, sempre alerta com a irmã. Tão protector.

E depois recuo aos tempos em que me iniciei na aventura da escrita, por aqui… Parecem de uma outra galáxia, as coisas por que passei… a separação, todo o processo de recomeçar a viver, não sozinha, mas com eles sob minha responsabilidade, de início praticamente sob minha inteira responsabilidade, e gradualmente sendo partilhada com o pai deles… até hoje. Não parece real.

As pessoas que conheci, as que só atravessaram um pedacinho da minha vida, os caminhos que percorri e que aqui me trouxeram…

E eles, os meus dois mais preciosos tesouros, sempre eles! Tão grandes. Tão lindos.

É tudo muito rápido. É só o que consigo pensar. Tudo muito rápido…

Comentários

Carla O. disse…
Partilho inteiramente desse sentimento de 'rapidez'. Parece que este tempo passa por nós, sem sequer nos dar tempo suficiente para abosrvemos tudo: vivências, fihos, acontecimentos...
E quando olho para o Pedro e o vejo tão crescido, e vejo também a Inês a ler (desdentada como a tua Rita)... sinto-me muito parecida com o que descreveste.
Beijos :)

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